sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Vias Aéreas Superiores

Vias Aéreas Superiores

As vias aéreas superiores começam desde o óstio da narina (orifício da narina) e vão até a borda inferior da cartilagem cricóide coincidindo com C6. São divididas em três porções especificamente: a rinofaringe (nasofaringe), a orofaringe e a hipofaringe ou laringofaringe.
O otorrinolaringologista tem como campo de trabalho as vias aéreas superiores (o nariz, ouvido e garganta).

O aparelho respiratório humano começa na cavidade nasal. Localizada na parte média da face, acima da cavidade bucal, é delimitada por ossos e cartilagens que formam o nariz, e é dividida pelo septo nasal em duas metades: direita e esquerda. É revestida pela continuação da pele do nariz, que em forma progressiva se transforma em mucosa nasal.
A cavidade nasal comunica-se posteriormente com a faringe, por meio de amplo orifício, a coana, e por pequenos orifícios, com os seios da face ou seios paranasais.
O assoalho corresponde ao teto da cavidade bucal.
A parede medial é formada pelo septo nasal.
A parede lateral, de ambos os lados, apresenta três relevos chamados conchas ou cornetos nasais - superior, médio e inferior - que delimitam espaços chamados meatos nasais superior, médio e inferior. A mucosa de revestimento é rica em vasos sanguíneos e tem nervos olfatórios, que permitem realizar suas funções respiratória e olfatória.

As funções da cavidade nasal são: olfação, respiração, filtração de poeira, umidificação do ar inspirado e recepção de secreções provenientes dos seios paranasais e ductos lacrimonasais.

A estruturas cartilaginosas do nariz são as cartilagens alares. Acima dessas estruturas cartilaginosas ficam o osso nasal. Pacientes com rinomegalia podem passar por uma intervenção cirúrgica acima dessa cartilagem com o cirurgião plástico.
A cocaína é uma amina e faz vasoconstricção, assim a perfusão diminui nessa região, causando a necrose da cartilagem local.
A cavidade nasal tem como função filtrar, aquecer e umidificar o ar e a olfação (através do nervo olfatório que emite suas terminações nervosas para as cavidades nasais).
Seios da face
Os seios paranasais são extensões cheias de ar da parte respiratória da cavidade nasal no interior dos ossos: maxila, etmóide, esfenóide e frontal.
- Seios frontais: drenam através do ducto frontonasal para o infundíbulo, que se abre no hiato semilunar do meato nasal médio. Inervados pelos ramos dos nervos supra-orbitais.
- Seios etmoidais: compreendem diversas cavidades - células etmoidais - que estão localizadas entre a cavidade nasal e a órbita. São supridos pelos ramos dos nervos nasociliares.
As células etmoidais anteriores drenam direta ou indiretamente para o meato médio do nariz através do infundíbulo.
As médias se abrem diretamente no meato nasal médio e são chamadas de “células da bolha” porque formam a bolha etmoidal.
As posteriores se abrem diretamente no meato superior do nariz.
- Seios esfenoidais: estão no corpo do esfenóide. Devido a estes seios, o corpo do esfenóide é frágil. São supridos pelas artérias etmoidais posteriores e o nervo etmoidal posterior.
- Seios maxilares: são os maiores dos seios paranasais. Ocupam os corpos das maxilas. Cada seio drena por uma abertura - óstio maxilar – no interior do meato médio. O suprimento arterial deve-se aos ramos da artéria maxilar e ramos da artéria palatina maior. A inervação é proveniente de ramos do nervo maxilar.

A sinusite é uma inflamação dos seios paranasais, geralmente associada a um processo infeccioso. As causas mais comuns que podem desencadear a sinusite são: a gripe, alergia, desvio do septo nasal e más condições climáticas. Mas existem várias maneiras de prevenir a sinusite. O primeiro passo é garantir uma boa função nasal, provocando uma drenagem adequada das cavidades. As medidas profiláticas em relação às alergias também funcionam positivamente para a prevenção da sinusite.
Esta patologia pode ser dividir em quatro tipos. O primeiro deles é o infeccioso. A sinusite neste caso tem características de dor na região dos seios da face, seguida de obstrução nasal, secreção purulenta e febre.
A sinusite alérgica apresenta dor nos seios da face e vem com todos os sintomas comuns da alergia, coriza clara e abundante, obstrução nasal e crises de espirros.
O terceiro tipo é a sinusite traumática, causada por diferença de pressão. Por exemplo, durante viagens de avião ou mergulho. Suas características são a dor maxilar e pouca obstrução nasal.
O quarto tipo de sinusite é a crônica. Neste caso a drenagem do muco fica definitivamente comprometida, e a mucosa fica espessa e fibrosa.
A parasinusite é quando vários seios inflamam.

A fístula liquórica pode ocorrer quando há fraturas muito graves do nariz, favorecendo a migração de bactérias da flora nasal para o meio cefálico, e infecção das meninges. Ocorre rinorréia de líquor, uma descarga nasal de líquido claro, intermitente, que emana do nariz quando o paciente se inclina para frente.


Faringe
A faringe é a parte posterior das cavidades nasal e bucal, que se comunicam amplamente, constituindo uma via de passagem única para o ar e os alimentos dos sistemas respiratório e digestivo. É dividida em 3 partes:
- nasofaringe: posterior ao nariz até a úvula (ou palato mole);
- orofaringe: da úvula até a epiglote;
- hipofaringe ou laringofaringe: da epiglote até o início da traquéia (parte anterior) e do esôfago (parte posterior).


A nasofaringe tem função respiratória.
O nariz se abre através de duas coanas: aberturas duplas entre a cavidade do nariz e a nasofaringe.
Tonsila faríngea ou adenóides: é um agregado de tecido linfóide. Encontra-se na túnica mucosa do teto da parede posterior da nasofaringe.
Prega salpingofaríngea: recobre o músculo salpingofaríngeo, que abre o óstio faríngeo da tuba auditiva durante a deglutição.
Tonsila tubária: coleção de tecido linfóide na túnica submucosa da faringe próximo do óstio faríngeo da tuba auditiva.


Adenóide
A adenóide é um agregado de tecido linfóide, cuja função é a defesa do organismo contra infecções. O crescimento exagerado da adenóide (hipertrofia) pode obstruir as vias nasais e impedir a respiração normal.
A hipertrofia de adenóide é chamada de adenoidite, que é uma inflamação das adenóides (ou tonsilas faríngeas) que pode obstruir a passagem de ar da cavidade do nariz através dos cóanos (ou coanas) para a nasofaringe, tornando necessária a respiração pela boca. Essa infecção proveniente das tonsilas faríngeas aumentadas pode se propagar para as tonsilas tubárias, causando tumefação e o fechamento das tubas auditivas. A diminuição da audição pode resultar da obstrução do nariz e do bloqueio das tubas auditivas.

Ouvidos
O ouvido se divide em ouvido externo (que termina na membrana timpânica), ouvido médio (onde tem os ossículos – bigorna, estribo e martelo) e ouvido interno.
O ouvido médio se comunica com a garganta através do óstio faríngeo da tuba auditiva (ou trompa de eustáquio). Quando se muda de altitude em grandes proporções, sente-se uma pressão no ouvido.

Tuba auditiva
A tuba auditiva conecta a cavidade timpânica à nasofaringe, onde se abre posterior ao meato inferior da cavidade nasal. Sua função é equilibrar a pressão na orelha média com a pressão atmosférica, permitindo, assim, o movimento livre da membrana timpânica. Como precisa ficar efetivamente aberta, ela precisa de alguns músculos do palato mole responsáveis pela equalização da pressão (estalando os tímpanos), sendo comumente associada com atividades como bocejo e deglutição.

A otite média (ou infecção da orelha média) é causada pela infecção que se dissemina a partir da nasofaringe para a orelha média e que pode produzir perda da audição temporária ou permanente.
A infecção no ouvido médio se faz através da tuba auditiva quando está com sua função prejudicada por inflamações ou obstruções, como acontece, por exemplo, nas alergias do nariz ou nas infecções da faringe (garganta). O germe (bactéria) presente na garganta migra pela tuba auditiva até o ouvido médio onde se multiplica nas secreções aí acumuladas, resultando uma otite média aguda. Também um vírus pode causar otite média. O risco de ocorrer uma infecção é maior se a tuba auditiva é pequena ou se não funciona de maneira eficiente, como acontece nas crianças pequenas. Também a criança que mama no peito ou toma mamadeira na posição deitada é mais propensa às otites porque a posição facilita a entrada de alimentos, sucos digestivos e germes na tuba auditiva. A infecção do ouvido médio ocorre, na maioria das vezes, após gripe. É freqüente, também, através do contato com outras crianças.

Glote
A glote é o aparelho vocal da laringe. Compreende as pregas e os processos vocais junto com a rima da glote (abertura entre as pregas vocais). O formato da rima varia de acordo com a posição das pregas vocais, que numa respiração comum é estreita e cuneiforme e durante a respiração forçada é larga e em forma de pipa.
As pregas vocais controlam a produção de sons que saem da laringe. Cada prega possui um ligamento vocal e um músculo vocal.

Laringe
A laringe está situada na parte média do pescoço, comunica-se superiormente com a faringe e inferiormente com a traquéia; realiza a função de fonação (produção da voz), e fecha as vias aéreas durante a deglutição dos alimentos. É constituída por cartilagens, membranas, ligamentos e músculos estriados voluntários que permitem as modulações da voz humana.
Ela é composta de 9 cartilagens, sendo 3 ímpares (tireóidea, cricóidea e epiglótica) e 3 pares (aritenóidea, corniculada e cuneiforme).
As cartilagens tireóide, cricóide e aritenóide são cartilagens hialinas e podem sofrer calcificação, que se inicia depois dos 20 anos. As restantes são cartilagens elásticas.

- Cartilagem tireóidea: é a maior das cartilagens. A margem superior e os cornos superiores fixam o osso hióide por meio da membrana tireo-hióidea. A articulação cricotireóidea é responsável pela rotação e deslizamento da cartilagem tireóidea, o que resulta em mudanças no comprimento das pregas vocais.
- Cartilagem cricóidea: é muito menor que a cartilagem tireóidea, porém é mais espessa e resistente. É o único anel completo de cartilagem a envolver qualquer parte da via aerífera. Fixa-se na margem inferior da cartilagem tireóidea pelo ligamento cricotireóideo mediano e no 1° anel traqueal pelo ligamento cricotraqueal.
- Cartilagens ariteóideas: são pares de pirâmides de 3 lados que se articulam com a cartilagem cricóidea. As articulações cricoaritenóideas permitem às cartilagens aritenóideas deslizarem aproximando-se ou afastando-se uma da outra, fazendo movimentos importantes na abordagem, retesamento e relaxamento das pregas vocais.
- Cartilagem epiglótica: fibrocartilagínea, dá flexibilidade à epiglote. Está situada atrás da raiz da língua e do osso hióide e na frente do adito da laringe.

Os músculos de laringe são divididos em extrínsecos e intrínsecos:
- Músculos extrínsecos da laringe: movem a laringe como um todo. São levantadores da laringe (mm. tireo-hióideo, estilo-hióideo, milo-hióideo, digástrico, estilofaríngico e palatofaríngeo, supra-hióideos e estilofaríngeo) ou são abaixadores da laringe (mm. omo-hióideo, esterno-hióideo e esternotireóideo, infra-hióideos).
- Músculos intrínsecos da laringe: move as partes laríngeas, fazendo alterações no comprimento e tensão das pregas vocais e no tamanho e formato da rima da glote. Todos, exceto o músculo cricotireóideo, são supridos pelo nervo laríngeo recorrente. O músculo cricotireóideo é suprido pelo nervo laríngeo externo, um dos 2 ramos terminais do nervo laríngeo superior. Esses músculos são considerados como um grupo funcional:
O cricotireídeo estende e tensiona o ligamento vocal.
O tireoaritenóideo relaxa o ligamento vocal.
O cricoaritenóideo posterior abduz as pregas vocais.
O cricoaritenóideo lateral aduz as pregas vocais.
Os aritenóideos transverso e obliquo abduzem as cartilagens aritenóides (aduzindo a parte intercartilagínea das pregas vocais, fechando a rima da glote).
O vocal relaxa o ligamento vocal posterior enquanto mantém (ou aumenta) a tensão da parte anterior.

O mecanismo de emissão do fonema está relacionado com a variação na tensão e comprimento das pregas vocais, na largura da rima da glote e na intensidade do esforço respiratório, que produz mudanças na altura do som da voz. Quanto maior o comprimento das pregas vocais, menor a amplitude da voz dos homens após a puberdade.
A laringe é a estrutura da fonação e é formada por um esqueleto cartilaginoso.
As pessoas emitem sons mais graves e sons mais agudos em função do movimento da cartilagem aritenóide (em cima da cartilagem cricóide). Quando a aritenóide roda, ela estica a prega vocal, mudando o tom para agudo; quando a aritenóide relaxa, ocorre o movimento contrário, e se fala mais grave.
A distância entre uma prega vocal e outra é chamada de rima da glote. Não se consegue falar na inspiração porque as pregas vocais estão abertas para aumentar a passagem de ar.
Para tratar o ronco, o paciente deve perder o peso, não ingerir bebidas alcoólicas e fazer exercícios que estimulem a musculatura da região.

Cricotireoidostomia
A cricotireoidostomia ou laringotomia intercricotireoidiana ou coniotomia consiste na abertura da membrana cricotireóidea, cricotraqueal ou tireo-hióidea comunicando-a com o meio externo. É um procedimento simples, eficaz, seguro e rápido.
Indicações: sobretudo em caráter de urgência e emergência, particularmente no paciente politraumatizado com lesões maxilofaciais graves, onde a intubação não foi possível ou é contra-indicada. Nestas situações, a cricotireoidostomia é muito útil, pois permite o acesso rápido e seguro às vias aéreas. Toda cricotireoidostomia deve ser convertida para uma traqueostomia dentro de 24h-72h.
Contra-indicações: crianças (abaixo dos 10 anos), pelo risco de lesar as cordas vocais; em casos de urgência/emergência, pode-se tentar a traqueostomia de urgência ou a cricotireoidostomia por punção. Não deve ser utilizada eletivamente para acesso prolongado das vias aéreas.

Traqueostomia
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico ao nível do pescoço que estabelece um orifício artificial na traquéia, abaixo da laringe, indicado em emergências e nas intubações prolongadas. O objetivo é não prejudicar as cordas vocais do paciente ao passar o tubo de ar.
A traqueostomia é um procedimento freqüentemente realizado em pacientes necessitando de ventilação mecânica prolongada. A técnica, nestes pacientes, apresenta diversas vantagens quando comparada com o tubo orotraqueal, incluindo maior conforto do paciente, mais facilidade de remoção de secreções da árvore traqueobrônquica e manutenção segura da via aérea. O tubo orotraqueal é mais utilizado quando o paciente vai ficar pouco tempo respirando com ventilação mecânica, como em cirurgias que requerem anestesia geral.
O procedimento de traqueostomia é simples. O pescoço do paciente é limpo e coberto e logo são feitas incisões para expor os anéis cartilaginosos que formam a parede externa da traquéia. Uma abertura é feita na traquéia entre o 1° e o 2° anel traqueal ou através do 2° até o 4° anel. Posteriormente, o cirurgião corta esses anéis e insere na traquéia um tubo de traqueostomiauma, preso ao pescoço por meio de esparadrapos, permitindo uma comunicação entre a traquéia e a região do pescoço.
Deve-se lembrar das veias tireóideas inferiores, da artéria tireóidea ima, da veia braquiocefálica esquerda, do arco venoso jugular, das pleuras, do timo e da traquéia.

Edema de glote
O edema de glote é uma reação alérgica do organismo na qual, através do grande aumento das células de defesa, a garganta (glote) começa a inchar e pode se fechar, fazendo com que a respiração se torne difícil. Por ser uma reação alérgica, não existem substâncias certas que a causam e sim o contato com alguma substância que provoque reação alérgica. Bolo na garganta e falta de ar pode ser um indício do início do edema.

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